Para clarificar o que quero dizer com a minha desconfiança dos produtos naturais: não defendo que se deva sempre preferir os produtos sintéticos em detrimento dos naturais, mas acho que se deve ter um olhar crítico para os produtos ditos naturais, tal como se tem para os sintéticos. A minha segunda desconfiança é em relação a livros que já foram escritos há milhares de anos e hoje são tidos como dogmas. Para já, e isto é um aparte em relação ao que quero dizer, e facto de acreditarmos em coisas que já foram escritas há dois ou três mil anos fazem de nós uns burrinhos. Quer dizer que todos os sábios viveram naquela altura, e temos vindo a emburrecer desde então, porque afinal a verdade está toda nesses textos e não precisamos de aprender mais nada. Fim do aparte. Faz-me confusão que uma pessoa nos dias de hoje com um problema por resolver vá buscar a resposta a esse problema à Bíblia, ao Talmud, ao Alcorão ou a outro livro do género. Como é que acham que podem comparar a realidade de há dois mil anos com a realidade de agora? É que a ideia de que um texto é bom e actual só porque persiste ao longo dos tempos sem se modificar é completamente errada. O texto persistiu ao longo dos tempos não porque sempre esteve certo, mas porque ninguém teve a coragem de o questionar. A principal diferença entre a ciência e a religião é que a ciência se baseia na premissa de que qualquer teoria, qualquer explicação dada por nós para o estado actual do Universo, está à partida errada, que pode e deve ser refutada ou confirmada. Ao longo da história da Ciência todas as grandes teorias científicas, aquelas que são dadas na escola, foram refutadas. Kepler provou que Copérnico estava errado, Galileu provou que Kepler estava errado, Newton provou que Galileu estava errado, Einstein provou que Newton estava errado. E Hubble e outros provaram que Einstein estava errado. Sim, claro que todos estes acertaram alguma coisa, cada um deles deu o seu contributo para que ficássemos mais perto da verdade. Mas o que disseram não são dogmas, não são verdades absolutas. É assim que devia ser.
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