24 de julho de 2011

Dom. 19:29 - 19:59

Tive uma ideia. Quando estiver no concerto, mando uma mensagem no Facebook a dizer que pago um copo a quem vier ter comigo à barraca do Licor Beirão nos próximos 10 minutos. É uma boa ideia para chamar o pessoal, não é? Além disso não devem ser assim tantos, só os Facebook friends que estiverem no concerto, não devo ir à bancarrota por causa disso. E claro, se por acaso não aparecer ninguém, posso colocar outra mensagem a dizer "bem, OK, não apareceu ninguém, mas assim também não gastei dinheiro", até fica com piada. Pensei eu. Tinha acabado de vir do psi, e a conversa até tinha sido interessante, falámos como as fobias, e no meu caso a fobia social, nos fazem pensar de maneira diferente. A analogia da fobia social com a hidrofobia também foi esclarecedora: perante a minha impaciência por achar que estava a progredir demasiado lentamente, em relação a vencer os meus medos, ele disse simplesmente que o tratamento para quem sofre de hidrofobia também não é pegar na pessoa e atirá-la de repente para o meio da piscina. É suposto ir lentamente, molhar as mãos primeiro, depois os pés, depois as pernas gradualmente até à cintura. É claro que quem sofre de hidrofobia também pode arranjar todas as desculpas e mais algumas para evitar o contacto com a água. É por isso que não se pode ir de repente, não se trata tanto de sair da sua zona de conforto mas de a estender, gradualmente, até que ela englobe o que era até então o seu principal medo. Mas a analogia começa a falhar um pouco aqui, o que eu queria dizer é que na fobia social o medo principal é o de falhar, a obsessão é de que fique tudo perfeito, porque se existe 1% de probabilidade de falha então é melhor nem tentar. Se temos mesmo que tentar, então arranjam-se salvaguardas, por exemplo naquele encontro que possa vir a ter levo-a ao cinema, o encontro pode correr mal mas pelo menos vejo o filme. É o medo que fala por nós quando dizemos isto. Não queremos que hajam falhas por isso o nosso inconsciente arranja sempre um plano B para o caso do plano A correr mal. Agora que penso nisso, por que carga de água vou eu meter aquela mensagem no Facebook, se já estou a prever que não aparece ninguém? Não seria melhor colocar a mensagem quando já estivesse seguro que ia ter companhia, e assim evitar colocar aquela estúpida segunda mensagem? E estás a ver, Carlos Alberto? (nota: é claro que eu não me chamo Carlos Alberto, mas parece que me soa melhor dizer "estás a ver, Carlos Alberto?" do que "estás a ver, João Paulo?" Acho que é uma questão de número de sílabas). Estás a ver como arranjaste logo uma segunda mensagem idiota para o caso da primeira não resultar? Isto é o medo a falar por ti.