As meias horas de escrita não têm um título propriamente dito, mas se tivessem, o desta meia hora seria O Emulador de Sentimentos. Hoje tive de reler o livro de NLA e fazer um pouco de pesquisa antes da escrita (quebrando mais uma vez as regras do blog? Oops...) para não vos induzir em erro sobre o Síndroma de Asperger. No entanto, apesar de tentar ser o mais exacto possível, estou a dar a minha impressão pessoal do síndroma, e posso estar a cometer uma carrada de incorrecções. Na dúvida, consultem o livro original. Para contentar o psicólogo, digamos que eu tenho traces, vestígios de SA (andei a evitar a sigla, mas realmente é mais prática). No meu caso talvez não a considere tanto uma doença mas uma característica, que pode dar-me alguns problemas mas também vantagens, como a apetência pela programação, por exemplo. O que é isso do emulador de sentimentos, afinal? Primeiro tenho de tentar explicar o que é um emulador. Quem joga jogos de vídeo já deve ter ouvido falar. Basicamente um emulador é um programa que se instala numa máquina (tipicamente um PC) para a fazer comportar-se como se fosse uma máquina diferente (como uma consola de jogos ou um telemóvel). O resultado é que assim podemos jogar os jogos da consola no PC, mas a conversão nem sempre é perfeita: no PC os jogos tornam-se mais lentos, os gráficos não têm a mesma qualidade, o controlo da personagem não é bem o mesmo. Por outras palavras, não é uma consola, é apenas um PC a fingir que é uma consola. Tentando ser um bocadinho menos técnico, pensem num matemático que não pode usar a multiplicação nas suas contas. Ele consegue chegar ao mesmo resultado usando sequências de somas, mas dá muito mais trabalho. Tentando ser menos técnico ainda, digamos que é o equivalente de caçar com gato quando não se tem cão. As pessoas com SA não conseguem expressar os seus sentimentos directamente, como fazem as outras pessoas. Em vez disso, usam um emulador: conseguem exprimir o sentimento na mesma, mas não é bem igual, parece estranho, demora mais tempo. Ao mesmo tempo, a sua percepção dos sentimentos dos outros passa pelo mesmo emulador, e por isso a informação que chega vem meio codificada, com algumas falhas, difícil de entender. A grande falha das pessoas com SA reside na interacção com as outras pessoas, e por isso muitos deles dão mais atenção às coisas (como os já referidos computadores e consolas), que no seu entender são mais lógicas e fáceis de perceber. O melhor exemplo (ou pelo menos o mais caricato) que posso dar para perceberem como actua uma pessoa com SA é o Sheldon de The Big Bang Theory. Mas segundo NLA, o próprio Mr. Bean encaixa-se numa das versões menos pesadas do síndroma. As versões mais duras entram já no campo do autismo, das quais o protagonista do filme Rain Man é o exemplo mais sonante, mas ainda assim um dos casos menos graves. Na outra ponta, a dos casos vestigiais, temos eu, um tipo perfeitamente normal que só tem um bocadinho, um bocadinho de nada de problemas de interacção social... No fundo, suponho que depende da qualidade do emulador...
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