5 de outubro de 2010

Ter. 15:41 - 16:11

Com esta cena da escrita ultimamente ganhei estatuto de observador. Ando mais atento ao que se passa à minha volta, aprecio as paisagens, tento ver a expressão das pessoas, saber o que estão a sentir. É curioso verificar que são muito poucos os observadores como eu. Toda a gente parece muito stressada, muito preocupada apenas consigo própria e com a pessoa que tem à frente. Vejo-me sentado num café apinhado de gente onde pareço ser a única pessoa que olha em volta. Engraçado como se consegue ignorar uma sala cheia de gente. Não é nada do outro mundo, bem visto, eu próprio sou assim por vezes, mas não deixa de ser curioso. Os apologistas do romantismo dizem que devemos parar de vez em quando e olhar em volta, apreciar a vida, ver como é bela, dar graças pelo que temos. Eu não sou tanto assim, acho que não temos necessidade de olhar à nossa volta se estivermos satisfeitos com a pequena percentagem do mundo que queremos ver. Apesar disso, todos temos os nossos momentos de stress e tristeza, pelo que de vez em quando todos acabamos por olhar em volta e apreciar a vida, quanto mais não seja para podermos acreditar que o Universo é infinito e por isso é quase impossível que estejamos sós na nossa tristeza. No entanto, o meu estado de observador não é devido a stress ou tristeza, é devido à necessidade de compreensão da natureza humana, e à incessante procura por seres semelhantes a mim, observadores por excelência, que partilhem a minha curiosidade e a minha falta de compreensão. Pode parecer estranho porque alguém com a mesma falta de compreensão que eu não parece que me vá ajudar a compreender. Mas na verdade ajuda, tal como duas pessoas que estudam juntas para o mesmo exame, temos o conforto de ter outra pessoa ao mesmo nível que nós, e por cada coisa nova que aprendemos vamos ensinando o outro, de onde a aprendizagem resulta mais progressiva e natural. Não é de admirar que o conceito do brainstorm seja tão eficiente, afinal é da confrontação e discussão de ideias que se descobrem coisas novas, uma pessoa sozinha só consegue idealizar até certo ponto, até um génio como o Dr. House precisa dos seus assistentes para poder confrontar as suas ideias e estimular a mente.

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