7 de agosto de 2011

Dom. 00:10 - 00:40

"Just because it feels good, doesn't make it right." Hum, não, acho que se enganaram. O original devia ser "Just because it feels good, doesn't make it easy". Mas suponho que "right" tem melhor sonoridade, não sei. Hoje vim para a esplanada do Irish de Coimbra, de moleskine em punho, à espera que isso me faça parecer inteligente. Solitário, mas inteligente. Digamos que o raio do moleskine também ajuda, obriga-me a estar aqui pelo menos meia hora, e de certa forma é a minha companhia, estar sozinho a olhar para o ar é uma coisa (na verdade encontrei um gajo sozinho a olhar para o ar e não me pareceu assim tão mal), e estar sozinho a escrever o que até pode ser um grande romance (eles sabem lá...) é outra completamente diferente. Na última conversa com o psi fiquei com trabalho de casa, tentar perceber porque são tão difíceis para mim coisas aparentemente banais como falar com desconhecidos, e que circunstâncias especiais me fariam mudar de ideias e avançar. Hoje é um bom dia para começar com esse trabalho de casa, há uma rapariga numa mesa mais afastada que é gira como o caraças, mesmo o meu estilo (sim, eu tenho um estilo), e eu estou a perguntar-me porque não me levanto da minha mesa e me vou sentar na mesa dela. Vamos começar? Ah, espera ainda falta uma coisa. Ela também já me viu, olha para aqui de vez em quando e já me apanhou a olhar para ela. OK, podemos começar agora. Bem, para já, está acompanhada, por uma amiga. Embora não saiba bem se isso é uma razão ou não, há bocado esteve sozinha por uns tempos e isso não me encheu de coragem para lá ir. OK, talvez não haja nenhum tipo de razão que me convença a ir lá. Acho que simplesmente nunca lá iria. O psi perguntou-me o que diria se tentasse falar com uma desconhecida que encontrasse ao meu lado no balcão. E eu falei de uma história elaborada sobre perguntar-se se isso de estar ao balcão à espera que conversassem com ela era mesmo real ou era coisa que só aparecia nos filmes americanos. Ele ouviu falar em filmes americanos e torceu o nariz, disse que pessoalmente não gostava, mas ainda antes de eu lhe dar a minha resposta ele sugeriu a dele: "Vem cá muitas vezes?" E eu pensei "Vem cá muitas vezes?! Que raio de pergunta é essa? Essas perguntas pá-tá-ti, pá-tá-tá resultam mesmo? Então e se ela disser simplesmente que sim ou que não? Não é melhor ter já uma história inteira preparada?" Tão ingénuo que ele é, pensam vocês. Eu sei. Pensando bem no assunto, "Vem cá muitas vezes?" até é capaz de resultar. É simples o suficiente e apela a que ela fale de si própria. E se disser simplesmente sim ou não, posso eu começar a dizer se eu venho cá muitas vezes ou não, e porquê. Não é propriamente de génio, mas é pretty good. Pretty, pretty, pretty good. OK, Jota, tem que haver uma maneira de falares com ela. Imagina que no final sais daqui a conversar com ela. O que é que aconteceu entretanto? Acho que só vejo uma hipótese: ela veio falar comigo. Ya. É isso. Mas... não é muito comum isso acontecer, não é? Quer dizer, com os outros rapazes isso não acontece. OK, outra hipótese: nós até estivemos a fazer uma troca de olhares, mas eu nunca cheguei a perceber até que ponto ela estava interessada. Talvez se retribuísse o olhar com um sorriso. Ou desse qualquer outro sinal de que estava interessada. Não é fácil, eu sei, porque eu não entendo os sinais todos, mas se ela acertasse em algum que eu soubesse... Depois acho que conseguiríamos conversar à distância e por gestos, ou mesmo só olhares, e aí sim, eu saberia que tinha luz verde. Talvez houvessem outras coisas que pudesse tentar, mas terei que as descobrir noutro dia. Entretanto ela e a amiga foram embora, ela ainda olhou para trás e os nossos olhares cruzaram-se para aí uns dois, três segundos. E depois desapareceu. A meia hora já acabou há algum tempo, mas se eu não contar a ninguém vocês também não contam, pois não?

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