Aqui está outra primeira vez na história deste blog. Ontem o empregado de mesa do café meteu-se comigo por causa da minha escrita. "Vê lá, não escrevas muito, hã?" Achei piada. Fez-me lembrar os empregados de mesa chicos-espertos, aqueles que dizem "copo de água, ou copo com água?" Mas devo dizer que a chico-espertice não é exclusiva dos empregados de mesa. Para já, também há clientes de restaurante chicos-espertos. São aqueles que dizem, no final da refeição, "É páááá, estou aqui tão bem que nem me apetece pagaaaarrrr!" Das primeiras vezes que alguém disse isso, há 20 ou 30 anos atrás, até tinha piada. Agora é só chico-espertice. Depois há um tipo de pessoas que são naturalmente chicos-espertos, independentemente da sua profissão. São aqueles que fazem trocadilhos com tudo, tantas vezes que se torna inconveniente. Com estas pessoas não se consegue ter uma conversa normal, porque eles fazem trocadilhos com coisas com banais como falar do tempo (por exemplo, "Hoje está bom mas deram chuva para amanhã" - "Dar não deram, devem é tê-la emprestado"). Eu admito que eu próprio tenho a minha dose de chico-espertice, mas é porque a minha pseudo-Asperger me faz levar as expressões à letra e sim, vejo trocadilhos onde os outros não vêem. Já tinha escrito no blog oficial que um programador como eu, se o abordarem na rua e perguntarem "Tem horas que me diga?", pode simplesmente responder "Tenho" e ir-se embora. Talvez eu não seja inconveniente a esse ponto, mas é porque já percebi que a maior parte das vezes as pessoas não entendem, e é frustrante estar a explicar a piada. Por exemplo, na expressão escrita irritam-me os erros de ortografia dos outros, e se, por exemplo, alguém me perguntar no messenger "Então, já chegastes?" eu posso responder "Sim, já chegámos." Mas depois do outro lado perguntam "Já chegaram? Então quem é que está contigo?" e eu tenho de explicar que sou só eu, e que só escrevi "chegámos" em vez de "cheguei" porque na pergunta escreveram "chegastes" em vez de "chegaste". É frustrante. Mesmo assim, às vezes ainda o faço, porque os erros de ortografia, ainda mais os que são feitos de forma sistemática, irritam-me solenemente. E nem me façam falar do "fizes-tracinho-te" que é provavelmente o erro ortográfico mais irritante da história da língua portuguesa. Têm vocês muita sorte porque a meia hora acabou, senão...
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