24 de setembro de 2010

Qui. 22:23 - 22:53

Mudei de café novamente. Desta vez até mudei de cidade. E mudei de bebida, também como já tomei café tive de o substituir por uma Pedras Limão. A atmosfera de hoje é deveras peculiar. O café tem sofás, bem confortáveis, por sinal, mas o que acontece hoje é que, por estarem cá poucas pessoas, ficaram todas viradas para o mesmo lado, a parede com as televisões. As duas senhoras à minha frente conversam amigavelmente acerca de uma terceira pessoa que é provavelmente a cabra da sua colega de trabalho que mais uma vez fez uma das suas. Ouvimos estas conversas de relance e parecem-nos todas iguais. A outra é sempre uma cabra insensível e não tem respeito pelas ideias dos outros. Provavelmente num outro canto do mundo a cabra insensível está a dizer exactamente o mesmo destas em conversa com uma amiga dela. Depois vêm os conselhos, "Tu tens de fazer isto e aquilo, não te rebaixes, tens de lhe responder, não podes deixar que ela faça isso contigo". "Se fosse eu, ela não fazia o que fez, que eu não deixava". Não se iluda, o "Se fosse eu" é sempre da boca para fora. Estando a outra na mesma situação teria o mesmo dilema, a mesma pressão por parte da outra. Por isso a expressão mais honesta e verdadeira seria "Se fosse eu, a esta hora estava a perguntar-te a ti o que tu farias". Mas é claro que não é isso que a outra quer ouvir, ela quer ouvir pelo menos uma réstia da solução para o seu problema. Eu ao conversar com mulheres sobre os seus problemas (é raro conversar com homens do mesmo assunto) descobri que 95% dos meus conselhos são gibberish. São tretas. Mas no meio de todas as tretas que digo há alguma coisa que acerta. E aí faz-se um clique na cabeça da rapariga e ela diz "É isso, é mesmo isso". E esses 30 segundos da frase que disse e que fez todo o sentido para ela fazem valer a pena às 2 horas que passei a dizer coisas sem sentido nenhum. Não é uma questão de genialidade, apenas de persistência. Curiosamente, o meu psicólogo faz a mesma coisa comigo, de cada consulta tiro apenas uma ou duas ideias que me parecem acertadas, estas caminhadas foram uma delas, foi um golpe de génio, e ainda bem porque é para isso que lhe pago. Ah! Ah! Mas continuando na descrição da sala, além das duas raparigas tenho dois rapazes ao meu lado, sozinhos, a ver a televisão. Não sei o que fazem. Estão à espera de alguém? Ou estão solteiros como eu, e à espera que "algo" aconteça? Em verdade vos digo que, curiosamente, não sou a única pessoa a ir sozinha para um café (embora, até ver, seja a única que escreve). Será que também são habituais? Vêm todos os dias para o café e ficam a ver televisão. Bem, uma coisa já descobri, sempre é melhor que ficar em casa porque se vêem pessoas. Mesmo assim, para ficar a ver o Stallone mais vale estar em casa. Eia, ainda tinha tanta coisa para dizer... Há dias em que a meia hora não chega.

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